quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Beijo


Rodeava-te a face com as mãos,
como asas de pássaro protegendo a cria.
Mergulhava no teu olhar,
e os nossos olhos tornavam-se espelho
de um sentimento que engole o peito
e provoca o sorriso.

Tocando-te no pescoço,
sentia-me presente no teu respirar,
num concerto de fôlegos combinados.

Meus lábios puxavam-me para os teus,
como uma artéria fulminante de vida
efervescendo a cada batimento.

Por fim, senti-te o calor, o ardor, a febre,
a saliva, o sabor, a língua, a cor e a pulsação.

Esse beijo rebentou em mim,
como uma bátega de amor
no solo fértil dos nossos corpos.


Elis

terça-feira, 29 de junho de 2010

Demência de amar

Onde escondemos a demência de amar?
Onde escondemos a demência de sentir, livremente?
Porque afundamos as verdades que não queremos admitir,
que borbulham em nós, querendo sair,
que pensamos a medo e que, distraídos, nos fazem sorrir?
Como aceitamos enclausurar-nos dentro de nós mesmos,
dentro de um eu puritano e moralista?

Para quando a libertação da alma?!
Para momentos contigo, no vazio...

Onde somos permitidos.
Onde a luz matinal do sol
brilha sombria no dourado do que sentimos.

Elis

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Há uma linha...

Há uma linha dentro de mim. Uma explicação rabiscada daquilo que sou. Composição de traços desafinados, resultado de uma música pintada a vários disparos fotográficos.
No papel, essa voz desafinada ganha cor e luz. Ganha som. No fim de cada começo, sou tinta descansando...traço ferroviário de construção interior.

Elis