terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sorri-me

Sorri-me
e deixo-me sentir o calor que me invade.
Sorri-me
e fico-me com esta vontade de sorrir também.
Sorri-me
e observa o meu peito encher-se de luz.
Sorri-me
e sente o mel que me adoça a boca,
querendo falar-te de amor.
Sorri-me
e vê os meus lábio arderem,
querendo beijar-te.
Sorri-me
e compreende que o teu sorrir é amar!

Elis

sábado, 13 de agosto de 2011

Sentença

O som do vazio...
O som vazio do silêncio? Ou de mim?
O som vazio de mim...

Deste buraco negro em que me transformei.
Esse ser oblíquo, cheio de luz, mas tão perdido.
Como se vê a beleza, depois de descoberta a solidão?

Sinto-me sufocar!
O sangue torna-se líquido espesso,
azedo, podre, sem validade,
massa pestilenta de desperdício,
envenenando-me...

Mas sou eu o veneno de mim.
Sou eu o desamor, o contra-censo,
a corrente de névoa e choro
a sentença do fim, a sentença de mim.

A sentença do meu fim.

Elis

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dicotomia lírica












(Foto: Elis Moreira)


Sou o cavaleiro armado
Que não desiste do objectivo, e luta, estóico, por sua dama.

Sou a donzela tímida que anseia
Por um poema escrito a mãos suadas e nervosas.

Sou os dois lados de uma personagem confusa e ausente,
Espectro lírico de uma narração inexistente.

Vivo na batalha fria entre o real e o conto de fadas,
Observando o real com o mesmo brilho fantástico do meus lugares inventados.

Elis

quarta-feira, 30 de março de 2011

O teu sorriso

O teu sorriso é um expositor,
mostra da tua meninice.
Espelho de pequeno traquina,
gracioso e amável.

O teu sorriso é uma porta,
através da qual entro em ti.
Nele consigo ver-te,
e banho-me nessa luz interior indescritível

O teu sorriso é uma ponte
que nos aproxima.
Transporta-me para junto de ti,
beija-me os olhos docemente.

Elis

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Deste lado

Deste lado,
sinto-te,
constante e imenso.
Deste lado,
vejo-te,
nítido e presente.
Deste lado,
respiro-te
como ao ar que me envolve.
Deste lado,
aceito a nossa condição,
que me revolta e acalma o peito.

Elis

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Folha em branco

Nada me dá mais gosto que uma folha branca,
vazia, esperando, calma e expectante.
Pronta a sorver as palavras ao toque do lápis,
transferindo, nesse acto, som às letras,
materializando sonhos, compondo canções

Escrever torna-se uma abertura do espaço/tempo.
A entrada de um mundo irreal,
da mente, do emocional, da fantasia, do inconsciente

O resultado é um eco de silêncios guardados, enfim depositados
tornados imagem, tornados voz.
Notas de uma melodia interior.

É uma viagem de pensamentos, imagens, momentos
levados à boca por papel e tinta.

Elis

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

À queima-roupa

À queima-roupa, disparas o teu veneno
Verborreia de impropérios e injustiças
Tratamento desigual, cretinice infantil e desmedida

Esfaqueias-me, empurrando mais e mais
as palavras que me rebentam em sangue,
remexendo e revolvendo o interior já desfeito

Trucidas a imagem de mim com argumentos maldosos
Rasgas a pele, o corpo, a vontade, a mente e o espírito
Arrancas à força a tua razão e deixas-me, em carne viva,
a arder na mágoa das navalhas proferidas

Tornas-te vidro cravado no peito,
latejante, sentido e desarmado.

Elis

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A peste








(Foto: Elisabete Moreira)



A rua que percorro está deserta.
Nas casas, as janelas estão fechadas.
O chão gasto não mostra destino.

É inverno, mas não chove.
Porém, as pedras que piso estão molhadas.
Caminho só, numa linha recta sem fim.

Se, ao longe, alguma porta está aberta
Alguém se apressa a fechá-la
Não reajo. Apenas, continuo, sem desviar o olhar.

Eu sou a peste

Ninguém me sabe, ninguém me vê.
Sou o fumo negro que envolve a paisagem,
O frio que incomoda os ossos e a alma,
Sou a sombra que, na esquina, se pressente.

Eu sou a peste.

Eu sou o mal.

Elis