quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Esse ser que não dorme














O brilho da lua,
essa ponte inatingível entre este lado e o outro,
esfumou-se na tua ausência.

Esse ser que não dorme,
acolhendo os escondidos do dia,
os filhos da insónia e da boémia,
cansou-se e foi para a cama mais cedo.

Abateu-se sobre o mundo
a estranheza da falta de um entidade mágica,
que, por engano, orgulho ou vingança,
decidiu ir brilhar para um outro alguém.

Elis

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Uma música nossa enche o espaço




















Uma música nossa enche o espaço.
Deitada no chão, sorrio de olhos fechados.
É nossa a música, é nosso o mundo.
A cada balanço, o peito enche-se de amor
e já mais nada existe.

Só tu e eu, só esta nossa dança.

Apenas os nossos olhares povoam a terra.
Apenas o toque das nossas mãos fazem o sol,
criando luz, que é magia.
Alimentados pela nossa melodia.
Compondo a cada beijo,
novos sons, novos tons, novos começos.

Somos, nós, o começo e o fim.
Somos, nós, a música que enche o ar!

Elis

sábado, 21 de agosto de 2010

Os teus dedos















Os teus dedos desceram pela minha pele
Senti-os quentes, imprecisos,
como o toque do lençol que nos envolve.

Os teus dedos pressionaram-me a pele
Senti-os fortes, exploradores,
num afago de desejo que cresce incontrolável.

Os teus dedos misturaram-se com a minha pele
Senti-os meus, naturais e certos,
uma união de matéria que pertence ao mesmo pedaço de céu.

Elis

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A-verbal :)

Inspirada por um exercício no blog "Macaquinhos no Sótão", decidi experimentar a elaboração de um poema sem verbos... Aqui ficam os dois resultados!
Quem quiser visitar o originário da experiência (os créditos a quem os merece), pode seguir este link: http://macaquinhos-nu-sotao.blogspot.com/2009/05/palavra-despida.html















Flores murchas sobre a mesa,
portadoras de um coma emocional.
Baças, sem cor,
reflexo da tua ausência.

O teu lugar vazio no sofá.
Nas paredes, o eco da tua voz.
E o ar sem peso nem frescura
Como um espelho do vazio total.

Queda num buraco sem cor,
Luz ou Escuridão.
Sem sentimento bom ou mau.
Sem matéria. Sem coração.

Elis

















Com os corpos lânguidos unidos
Envoltos na névoa quente da cama
Amparados apenas no amanhecer longínquo

O bafo quente dos beijos sôfregos
rasgos de carícias leves e loucas
Como sopros de alma
em rebentação explosiva de saliva

Enfeitiçante, a suavidade da pele na pele
tal como os lençóis embrulhados um no outro
Dentro de nós, chamas acesas
consumidas por respirações sofridas
– exposição do desejo e da entrega.

Elis

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O desconforto de amar

Sinto-te tanto em mim!
E este sentimento engole-me o peito,
levando-me a acreditar
que tudo se corrói cá dentro.

O desconforto de amar.

Sinto-te tanto em mim.
E sinto-me tão viva.
E sinto-me a morrer,
em agonia, sorrindo.

O desconforto de amar.

Sinto-te tanto em mim.
No peito, bem cá dentro.
Por baixo da pele, nos ossos,
nos pulmões - entrando e fugindo.

Sinto-te em mim,
como uma passagem para a loucura de amar,
para o amor-loucura.
Corres-me nas veias, fluído,
como um veneno doce que embriaga
e me faz sentir!

Elis