sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A peste








(Foto: Elisabete Moreira)



A rua que percorro está deserta.
Nas casas, as janelas estão fechadas.
O chão gasto não mostra destino.

É inverno, mas não chove.
Porém, as pedras que piso estão molhadas.
Caminho só, numa linha recta sem fim.

Se, ao longe, alguma porta está aberta
Alguém se apressa a fechá-la
Não reajo. Apenas, continuo, sem desviar o olhar.

Eu sou a peste

Ninguém me sabe, ninguém me vê.
Sou o fumo negro que envolve a paisagem,
O frio que incomoda os ossos e a alma,
Sou a sombra que, na esquina, se pressente.

Eu sou a peste.

Eu sou o mal.

Elis

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