(Foto: Elisabete Moreira)
A rua que percorro está deserta.
Nas casas, as janelas estão fechadas.
O chão gasto não mostra destino.
É inverno, mas não chove.
Porém, as pedras que piso estão molhadas.
Caminho só, numa linha recta sem fim.
Se, ao longe, alguma porta está aberta
Alguém se apressa a fechá-la
Não reajo. Apenas, continuo, sem desviar o olhar.
Eu sou a peste
Ninguém me sabe, ninguém me vê.
Sou o fumo negro que envolve a paisagem,
O frio que incomoda os ossos e a alma,
Sou a sombra que, na esquina, se pressente.
Eu sou a peste.
Eu sou o mal.
Elis
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